Luiz Gonzaga com tempero de fulô

Pinçar 14 gravações em um acervo com centenas de discos de Luiz Gonzaga não é uma tarefa fácil. Gonzaga é mensageiro do Sertão, a voz da seca, das noites de fogueira, dos encontros acalorados, das tristes partidas, da saudade ao pé do Juazeiro. Selecionamos algumas gravações do início da jornada do Rei do Baião em discos de 78 rpm, que revelam o resfolego de uma sanfona apaixonada, coração de sertanejo. Cabra macho sim sinhô, que também pisa macio e cochicha no cangote de Rosinha, Zabé e Mariá. Caboclo de fungado quente, que dança agarrado à cintura fina até apagar o candeeiro. O sertanejo que pega o sol com a mão.

Luiz Gonzaga com tempero de fulô

1. O Chêro da Carolina – Luiz Gonzaga –  Zé Gonzaga e Amorim Roxo – chótis – 1956

2.     Açucena cheirosa – Luiz Gonzaga – Rômulo Paes – toada – 1956

3.     Balance eu – Luiz Gonzaga – Luiz Gonzaga e Nestor de Hollanda – 1958

4.      Mané e Zabé – Luiz Gonzaga e Marinês – baião – Zé Dantas e Luiz Gonzaga – 1956

5.     Vem morena – Luiz Gonzaga – Ze Dantas e Luiz Gonzaga -1949

6.     Cintura Fina – Luiz Gonzaga – Zé Dantas e Luiz Gonzaga – 1949

7.     Moça de Feira –Luiz Gonzaga –  Armando Nunes & J. Portela – 1958

8.     Moreninha, moreninha – Luiz Gonzaga – Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil- 1945

9.     Xote das meninas – Luiz Gonzaga e Zé Dantas  – chótis – 1953

10.  Sabiá – Luiz Gonzaga – Luiz Gonzaga e Zé Dantas – baião – 1951

11.  Mariá, Luiz Gonzaga e Zé Dantas – coco baião – 1951

12.  Forró no escuro – Luiz Gonzaga – Luiz Gonzaga – forró-  1958

13.  Qui nem giló – Luiz Gonzaga – Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga – 1950

14.  Juazeiro –  Luiz Gonzaga – Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira – 1949

 

Biancamaria Binazzi – Laboratório de Rádio do CCSP

Acervo: Discoteca Oneyda Alvarenga

 

 

Luiz Gonzaga nasceu em 13 de dezembro de 1912, em Exú (PE). Foi nas noites enluaradas do Sertão pernambucano que Gonzaga aprendeu a tocar sanfona. Aos 16 anos de idade já era conhecido na região, de Canoa Brava a Viração, de Bodocó a Rancharia. Gonzaga foi para o Rio de Janeiro em 1939, e já em 1941 entrou no estúdio da Victor para gravar os seus primeiros discos em 78 rpm. “Luiz Gonzaga- o virtuoso do acordeon” iniciou sua carreira no rádio tocando (muito bem!) um pouco de tudo: polcas, valsas, e principalmente, choros. Depois de impressionar o público com sua habilidade na sanfona, Gonzagão vestiu o chapéu dos cangaceiros de Lampião, e assumiu a missão de apresentar os ritmos do Nordeste para todo o Brasil. Na década de 50, quando Getúlio Vargas buscava fortalecer uma identidade nacional através do Rádio, Luiz Gonzaga pipocava nas estações de todo o país, cantando as noites de fogueira, os luares do sertão, as vozes da seca e, claro, os amores com tempero de fulô.

Desde Gonzaga, xote, xaxado e baião são ritmos populares no Brasil e no mundo. Em 100 anos de chão, a música de Luiz Gonzaga ainda é tocada pelo Brasil todo, seja em disco, no rádio, na voz de novos artistas, ou por um velho sanfoneiro no centro da cidade. Na Discoteca Oneyda Alvarenga do Centro Cultural São Paulo, estão centenas de gravações de Gonzaga, intérprete ou compositor, em CDs, discos de vinil e 78 rpm. Grande parte deste repertório está digitalizada, e você pode comemorar o centenário de Luiz Gonzaga escutando essas gravações nas Paradas Sonoras da Discoteca.

Para começar o baile do centenário, selecionamos algumas gravações de discos de 78 rotações.

 


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