Nazareth, pianeiro, pianista

“Ernesto Nazareth quintessenciou nos seus tangos admiráveis, a arte dos pianeiros cariocas” Mário de Andrade – Estado de São Paulo, 1940.

No ano em que se celebra os 150 anos de Ernesto Nazareth (1863-1934), o laboratório de Rádio do CCSP se debruça profundamente no acervo da Discoteca Oneyda Alvarenga em busca de gravações, histórias, encontros e interpretações. Nesta primeira parada, apresentamos dez registros de composições de Nazareth realizadas por grandes intérpretes, que demonstram, como Mário de Andrade já anunciava, sua “extraordinária originalidade, porque transita com fôlego entre a música popular e erudita, fazendo-lhe a ponte, a união, o enlace”.

 

 

 

 

Em artigo para o Estado de São Paulo, em 1940, a propósito de uma apresentação da obra de Nazareth na Escola Nacional de Música, o poeta modernista descreve o imenso abismo que havia entre a música produzida por pianistas  nos salões da aristocracia carioca, e a música dos pianeiros, das salas de espera do cinema, lojas de pianos e partituras dos tempos de Ernesto Nazareth. O abismo era tão grande que, quando o pianista foi convidado a tocar no Instituto Nacional de Música, a convite de Luciano Gallet, foi preciso a intervenção da polícia, tamanho o espanto do público ao receber a “música baixa daquele compositor de tangos” em um ambiente de música séria, erudita. Nas palavras de Mário “ Ernesto Nazareth foi genial, de tal forma as suas composições, como carácter e riqueza de invenção se elevam sobre tudo quando nos deixaram os outros compositores pianeiros de seu tempo….Quintessenciou nos seus tangos admiráveis, a arte dos pianeiros cariocas”.

A seguir, você escuta a obra de Ernesto Nazareth nos  pianos de Francisco Mignone, Carolina Cardoso de Menezes e Radamés Gnatalli, e também no choro bem chorado de Pixinguinha, Benedito Lacerda e Ademilde Fonseca. Ernesto Nazareth é  piano na rua e no salão. É maxixe e valsa, pré chorão. Orquestra, piano, flauta ou bandolim. Nazaré está em toda parte.

 

 

 

Matuto (Ernesto Nazareth) – Pixinguinha e Benedito Lacerda – 1950

Odeon (Ernesto Nazareth) Radamés Gnatalli e sua orquestra – 1953

Ameno Resedá (Ernesto Nazareth) – Radamés Gnatalli – 1953

Escorregando (Ernesto Nazareth) Carolina Cardoso de Menezes – 1953

Bambino (Ernesto Nazareth) Francisco Mignone – 1939

Brejeiro (Ernesto Nazareth) Francisco Mignone – 1939

Tenebroso (Ernesto Nazareth) Francisco Mignone -1939

Eponina (Ernesto Nazareth) – Heitor Havena de Castro

Escovado (Ernesto Nazareth) Custódio Mesquita e sua Orquestra – 1943

Apanhei-te cavaquinho (Ernesto Nazareth, Darci de Oliveira e Benedito Lacerda) Ademilde Fonseca – 1943

Odeon (Ernesto Nazareth) Fon Fon e sua Orquestra -1945

Pesquisa e texto – Biancamaria Binazzi

Apoio de produção: Thais Caniati

Acervo: Coleção Salatiel Coelho – Discoteca Oneyda Alvarenga

Foto: Coleção Luiz Antonio de Almeida – Acervo Instituto Moreira Salles

Fontes:

Livro: Música, doce Música – Mário de Andrade (1963) – disponível na Discoteca Oneyda Alvarenga.

Pesquisa de Alexandre Dias: http://www.ernestonazareth150anos.com.br

 

 


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