Waldemar Henrique e as lendas amazônicas

“Música… minha predileção, meu achado, minha fantasia, meu rumo. Sempre fui guiado pelos sons: o apito de um navio, o badalar de um sino, o toque de um tambor, a ressonância de uma voz humana. Fôsse pingo d’água ou assobio, cigarra ou trovão, inverno ou primavera, outono ou verão. Mãos acenando, chegando ou partindo, abraços e beijos, sorrisos e lágrimas.” Waldemar Henrique

Procurar obras de Waldemar Henrique (1903-1995) na Discoteca Oneyda Alvarenga é adentrar ao fundo do mato virgem ao som das belas lendas amazônicas musicalizadas pelo compositor paraense. 
Das onze obras escritas para acompanhamento de piano da série “Lendas Amazônicas”, encontramos apenas três, em alguns discos de 78 rotações da coleção de Salatiel Coelho. O contato com os temas folclóricos popularizados pelo compositor nos desperta a velha reflexão sobre as fronteiras entre a música popular e a erudita.

Waldemar Henrique, compositor erudito. Entusiasmado pela música tradicional de diversos pontos do Brasil, guardião de um rico material rítmico e melódico da nossa música, catalogava versos, ritmos de carimbó, batidas de babaçuê e passos de marabaixo. O lied do Pará. A dança das águas da Amazônia nos salões e escolas do Rio de Janeiro.

Enquanto seguirmos teimando em enjaular a música nas prateleiras de popular e erudito, muita informação será dispersa. Onde estão todos os discos, lendas e partituras de Waldemar Henrique?


Aqui, você escuta algumas gravações de músicas de Waldemar Henrique encontradas nas prateleiras de música popular da Discoteca Oneyda Alvarenga.


“Corre nas margens dos rios Amazonas, Tocantins e seus afluentes, que em noites de lua-cheia sai o boto do fundo do mar transformado num belo rapaz, o qual dirigindo-se aos terreiros, em festas, dança e seduz as virgens morenas do arraial. Nessas noites, ouve-se bem alto o choro da tajapanema, a planta alma da beira dos rios, avisando a população do mal que se aproxima…. “Foi boto, Sinhá!”.

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1- Foi Boto Sinhá (Waldemar Henrique e Antonio Tavernard)  -Gastão Formenti –  1934
2- Cobra Grande (Waldemar Henrique)  Gastão Formenti e orquestra Victor Brasileira- 1935 
3- Tamba Tajá (Waldemar Henrique)  Antonieta Fleury de Barros – 1949
4- Quiriru (Chula Marajoara harmonizada por Waldemar Henrique) Jorge Fernandes – 1943 
5- Rolinha – Jorge Fernandes – Chula marajoara – 1943 
6- Côco Peneruê – (estribilho folclórico amazônico adaptado por Waldemar Henrique) Jorge Fernandes – 1943
7- Boi Bumbá (Waldemar Henrique) – Gastão Formenti e Orquestra Victor Brasileira – 1935 
8- Tem pena do Nego (Waldemar Henrique e Antonio Tavernard) – Gastão Formenti – 1934
9- Chora Morena (fandango paulista adaptado por Waldemar Henrique) – 1943
10– Senhora Dona Sancha (Waldemar Henrique) – Antonieta Fleury de Barros – 1949 
11- Hei de Morrer Cantando (tema sertanejo cuiabano registrado por Edgar Roquette Pinto adaptado por Waldemar Henrique) – Roberto Amaral – 1958.

A vida e vasta obra do compositor amazônico também pode ser encontrada no livro:

“ Waldemar Henrique – o canto da Amazônia”, de Claver Filho (MEC/FUNARTE), disponível na biblioteca do Centro Cultural São Paulo.

Acervo: Discoteca Oneyda Alvarenga – Coleção Salatiel Coelho
Pesquisa e texto: Biancamaria Binazzi

 


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